#1 - FUGA

Olhas... De repente observas... Passa a correr um ratinho. 

Voltas a olhar... Desta vez, está um gato a correr e a saltar para cima do pequeno rato. O grandalhão devora o ratinho sem dó nem piedade, e quando se acha já satisfeito, recolhe-se para o seu aconchego, onde é aclamado e aplaudido por todo o seu exército.

Nunca na tua vida terás presenciado um momento destes?! Sim. Tenho a certeza que sim! Só não o queres admitir...

Naquele dia, ele passou a correr; achaste-o nervoso e com medo, mas não o abordaste. No entanto, não te ficaste apenas pela simples ação de o observar. Não. Seguiste-o. Porém, foste ultrapassado por alguém que corre cheio de adrenalina e velocidade... Naquele momento não sabias o que iria acontecer depois. Por isso, continuas, devagar.

Ao virares na esquina seguinte, deparaste com um círculo, um grande círculo. Tanta gente... Aproximaste para ver e saber o que se passa.

É então que vês o pobre e indefeso rato que passara nervosamente por ti. Ele está estendido no chão; por cima dele está o gato, um ser tremendamente forte quando comparado ao pequeno animal. O ratinho implora piedade, mas o grandalhão não se deixa afetar. Ele precisa de se sentir forte, de se sentir admirado... e aquelo círculo é o sítio ideal para a sua auto-satisfação!

A partir de agora, tu és mais um dos espectadores daquele cenário. Vês que todos batem palmas e encorajam o gato. 

Concordas com o que se está a passa?! Vá cobarde, responde! Não penses, e responde!

Na verdade não, mas não queres ser o único a defender aquele pobre rato, pois sabes que se o fizeres serás tu o próximo ratinho.

Dás por ti a bater palmas, tal como todos os outros cobardes! Apoias o sofrimento do pequeno animal.

Nem sequer foste capaz de sair dali... de fugir! Não vales nada, és um fraco, um

verdadeiro cobarde! Não foste capaz de fugir... Não! Preferiste ficar ali a apoiar o gato, para que ele ganhe cada vez mais força e enfrente cada vez mais ratinhos.imento do pequeno ser, e deixa-lo sozinho a implorar para que o deixem em paz...

Vá, despacha-te, ainda tens tempo de fugir cobarde!